Aumento da mistura do álcool para 25% ajuda Petrobras e é bom para as usinas – 13/07/2012


A Petrobras tem bons motivos para pedir ao governo a volta da mistura do
álcool anidro para 25%. A safra sucroalcooleira deste ano não terá grandes
mudanças em relação à anterior. Isso significa que a importação de gasolina,
que vem aumentando, vai continuar aquecida. Distante do mercado externo nos últimos anos, o país não tem uma logística apropriada para a compra de um volume grande de gasolina. Falta estrutura de armazenagem nos portos, e a logística de distribuição para o interior do
país é complicada. O maior uso de álcool na grade de consumo do brasileiro traria menos prejuízo à Petrobras e diminuiria os investimentos das distribuidoras, que
têm de levar esse combustível para todo o país. Mesmo com a alta de preço liberada para a gasolina, a empresa teria prejuízos crescentes com essa evolução das importações, principalmente devido à alta do dólar.
O cenário de safra deste ano pouco muda sobre o de 2011. Mas o
abastecimento, como ocorreu em 2011, deve ser assegurado.
Um aumento da mistura de álcool anidro dos atuais 20% para os 25% aliviaria
o caixa da Petrobras -que teria de importar menos-, mas forçaria as
distribuidoras a buscarem álcool de milho nos Estados Unidos para
complementar o abastecimento.
O tempo dessa proposta da estatal, no entanto, não é o mais apropriado. O
início de safra com o percentual de mistura definido em 20% fez muita
empresa transformar o álcool anidro que tinha em estoque em hidratado.
O álcool anidro é o misturado à gasolina, enquanto o hidratado é o que vai
diretamente ao tanque. Ou seja, a importação de álcool anidro poderá ser
ainda maior.
A elevação da mistura é boa para as usinas, que podem ter uma demanda maior
de anidro, produto que praticamente tem o preço garantido e rende mais.
Ainda seria uma saída para o setor porque o açúcar, o grande competidor do
etanol nas safras anteriores, está com queda de preço. Queda nos preços
externos do açúcar leva as usinas a produzirem mais álcool, desde que o
preço fique competitivo.
MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA
Fonte: Folha de S.Paulo