Transportadores reivindicam linhas de crédito e flexibilização dos impostos – 08/04/2020

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou pesquisa sobre o impacto do coronavírus no setor. O estudo foi realizado de 1º a 3 de abril e envolveu 776 empresas de cargas e de passageiros de todos os modais de transporte. Segundo o representante dos transportadores, com a doença e seus desdobramentos, o setor sofreu uma forte queda de demanda que deixou mais de 90% dos empresários pessimistas em relação ao futuro e com sérios problemas de faturamento.

De acordo com o levantamento, 85,3% das empresas transportadoras perceberam redução em sua demanda em março na comparação com o mesmo mês de anos anteriores. Dos entrevistados, 70,7% já estão enfrentando problemas de caixa e severo comprometimento da capacidade para realizar os pagamentos correntes, como a folha de pagamentos e os fornecedores. Além disso, 53,7% das empresas têm recursos para, no máximo, um mês de operação, sendo que 28,2% não suportam 30 dias sem apoio financeiro adicional.

Dos transportadores entrevistados, 22,2% já realizaram demissões ainda no mês passado. Para evitar mais demissões, 34,1% das empresas alternaram os funcionários em turnos de trabalho, 32,1% concederam férias coletivas e 29,5% utilizaram banco de horas. A impressão de 69,6% dos empresários é que os efeitos da crise serão percebidos por mais de quatro meses, e mais da metade (51,9%) consideram a medida mais importante para aliviar o problema de fluxo de caixa durante a crise é a disponibilização de linhas de crédito com carência estendida e taxas de juros reduzidas de forma ampla e sem restrição ao porte da empresa. Dos entrevistados, 43,3% também defenderam a suspensão da cobrança do PIS e da Cofins.

“É inegável que a crise do Covid-19 deixa os transportadores em uma situação de extrema dificuldade. Por isso, é urgente que o governo apresente planos de retomada gradual da economia – sempre conciliando a preservação da vida dos brasileiros com a sobrevivência das empresas, que são a base da sustentação socioeconômica do país”, disse Vander Costa, presidente da CNT, que endossa as reivindicações da categoria para que não haja interrupções na prestação dos serviços. “Esse é o principal caminho para assegurar o abastecimento das cidades e a mobilidade das pessoas durante a pandemia”, defendeu.

Mais da metade dos entrevistados (52%) revelaram que está mais difícil efetuar as entregas em função das restrições de acesso a alguns municípios e de novas regras de controle de entrada em estabelecimentos. Já a falta de serviços de apoio, como restaurantes, lojas de peças de reposição, borracharias e atendimentos de órgãos públicos, é apontado como o maior entrave operacional na pandemia. 46,4% das empresas já percebem dificuldade na obtenção de insumos do transporte.

Fonte: Estado de Minas