Os rumos dos Índices Gerais de Preços (IGPs) ao longo do mês de julho serão determinados pelas matérias-primas agropecuárias, cujos preços têm oscilado de acordo com notícias sobre safra e clima, sem uma tendência clara no curto prazo, afirmou nesta terça-feira, 7, o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. A depender da inflação do varejo e da construção, o índice geral perderá força neste mês.
“O IPC deve ter certa desaceleração. Talvez não seja tão grande por conta do reajuste da Eletropaulo (nas tarifas de energia elétrica em São Paulo). O INCC também virá menor. Já o IPA depende de até onde as correções de preço de soja e milho vão. Se for um movimento menor, o IPA se mantém, e haverá alívio no IGP”, explicou Quadros.
Em junho, o IGP-DI acelerou a 0,68%, contra elevação de 0,40% no mês anterior. Os preços de soja e milho avançaram e contribuíram para que o IPA, que mensura a inflação atacadista, acelerasse a 0,43%.
“Temos visto pequenos ciclos de alta e queda de soja e milho, que não necessariamente apontam tendência, são movimentos de curto prazo”, disse o superintendente. Neste mês, a soja ficou 0,89% mais cara, enquanto o milho recuou 2,55% – bem menos do que a queda em maio.
O trigo, por sua vez, ficou 2,25% mais barato, mas seu peso é infinitamente menor dentro do atacado. “Mas o resultado deixa claro que não tem mais nenhum efeito do câmbio”, apontou Quadros. Por isso, a incógnita resta mesmo com as matérias-primas agropecuárias, já que até a alta do minério de ferro em junho também deve se dissipar.
No varejo, a alta de 0,82% em junho foi a maior para o mês desde 1997 (1,30%). Segundo Quadros, o ciclo recente de aumentos em preços administrados e a pressão sobre os alimentos contribuíram para o rompimento da tendência histórica de uma inflação mais branda no meio do ano. No mês passado, ele notou, houve avanço de 4,12% nas taxas de água e esgoto, algo não muito comum para a época.
“Por tudo isso, rompeu-se completamente com o padrão dos últimos anos”, afirmou. Para julho, contudo, boa parte desses impactos deve perder força. Além disso, os alimentos no domicílio tendem finalmente a dar uma trégua ao bolso do consumidor, depois de ganharem força e ficarem 1,05% mais caros em junho, puxados por frutas, laticínios e ovos.
Na construção, o INCC também virá menor em julho, depois de realizada a maior parte do impacto dos reajustes salariais no Rio e em São Paulo. Ainda que esteja previsto o dissídio da categoria em Brasília, Quadros pontuou que a influência será bem menor sobre o índice.
Fonte: Estadão Conteúdo