ÉTICA – UM BEM SOBREMANEIRA VALORIZADO NO ATIVO EMPRESARIAL

No pensamento do Homem que pensa deve pulsar a vida. Nada substitui, na atividade intelectual, a meditação em profundidade quando originária da emotividade – persiste dominada pela emoção. É enganoso supor um domínio e predomínio da compreensão dos fenômenos do universo sobre a emoção intelectual que a beleza da criação naturalmente provoca: “Juízo e compreensão frequentemente parecem – mas apenas parecem – dominar as emoções humanas, porém sobre as emoções humanas simplesmente não sabemos o suficiente para poder guiá-las” (K. Lorenz).

O ideal de um conhecimento adiáforo, neutro e indiferente com relação à vida e que, portanto, se recusa ao entusiasmo e à emoção – é um ideal pobre. E, no pensamento indigente, prevalece a ocultação da natureza, o obscurecimento do mundo e de seus mistérios, a profanação do sagrado, a provocação tecnológica da terra, a massificação do Homem, a preeminência da mediocridade. O espírito, como adverte esplendidamente Heidegger, é fogo, chama, arrebatamento, conflagração. É dizê-lo: o domínio da emotividade. E sua fonte originária – portanto mais profunda – está no espanto que se manifesta até mesmo diante da magnificência do simples simplicidade das circunstâncias – só na aparência trivial – do nosso cotidiano.

É a síntese do poder de se espantar diante do simples, e aceitar esse espanto como a sua morada. É se defrontar diante de nova realidade, aparentemente sem mistérios, e concluir pelo correto, embora sem rebuscos.

Neste sentido, a atividade empresarial vem sofrendo substancial mudança em seus comportamentos – executoriais e emocionais – ocasionados pelo novo padrão de qualidade exigido pelos consumidores em geral. O que aparentemente transparecia condutas íntimas de cada indivíduo surge nesta nova realidade, como exigência das partes que se relacionam.

Eis a razão da crescente preocupação, entre os empresários, com a adoção de padrões éticos para suas organizações. Sem dúvida, os integrantes dessas organizações serão analisados através do comportamento e das ações por eles praticadas, tendo como base um conjunto de princípios e valores.

Da mesma forma que o indivíduo é analisado pelos seus atos, as empresas passaram a ter em sua conduta, observações criteriosas, mais controladas e analisadas, sobretudo após a edição de toda a regulamentação legal que visa a defesa de interesses coletivos.

A credibilidade de uma instituição é o reflexo da prática efetiva de valores como a integridade, honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito ao consumidor, entre outros.

Nessa dimensão ética distinguem-se dois grandes planos de ação que são propostos como desafio às organizações: de um lado, em termos de projeção de seus valores para o exterior, fala-se em empresa cidadã, no sentido de respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho voluntário, realização de algum benefício para a comunidade, responsabilidade social, etc.

De outro lado, sob a perspectiva do seu público mais próximo, como executivos, empregados, colaboradores, fornecedores, acionistas, envidam-se esforços para a criação de um sistema que assegure um modo ético de operar, sempre respeitando os princípios gerais da organização e do Direito.&#160

É o caminhar, não pelo simples fato de caminhar, se entregando às intempéries de nossos dias, mas o dever de caminhar, se sobrepondo à primazia da chegada.

Neste sentido, é perfeitamente plausível e absolutamente necessário aliar lucro, resultado, produtividade, qualidade e eficiência de produtos e serviços, com os valores pessoais, intrínsecos de cada cidadão.

Por essa razão muitas empresas vêm empreendendo um esforço organizado, a fim de encorajar a conduta ética entre os seus empregados. Para tanto, elegem princípios e valores que são erigidos como baluartes da organização.

Porém, mencionados princípios para se tornarem de forma efetiva o verdadeiro comportamento de determinada empresa, devem realmente fazer parte não só dos pensamentos dos empresários, mas substancialmente se traduzirem em seu comportamento, para que desta forma, os princípios em questão, não façam apenas parte de um “Processo de Qualidade”, mas efetivamente faça parte da vida de todos aqueles que compõem aquele determinado complexo empresarial.

Assim, diante de tantas peculiaridades que se circunscrevem ao mundo dos negócios, implementadas – por óbvio – dos novos padrões que a coletividade exige, surge para aqueles que se disponibilizam em fazer parte deste novo contexto, o compromisso dessa desenvoltura, trazendo consigo valores, que embora aparentemente simples, traduzem a exata noção do padrão de conduta desenvolvido por aquela estrutura empresarial.

LUIZ PAULO JORGE GOMES, é Advogado, sócio da Jorge Gomes Advogados, Mestre em Direito Tributário pela PUC/SP, Ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF.

luizpaulo@jorgegomes.com.br