Sem reforma tributária e ajuste fiscal, contencioso ultrapassará 81% do PIB – 10/05/2016

Sem uma reforma tributária e ajuste fiscal, o contencioso da União, estados e municípios corre o risco de ultrapassar 81% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

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Essa porcentagem, cujo valor é de R$ 4,7 trilhões, já representa, hoje, o montante de dívida que é discutida entre as empresas e os fiscos de todas as esferas da federação.
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Bernard Appy, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 2003 e 2009, informa que, desses R$ 4,7 trilhões, R$ 1,5 trilhão são referentes à dívida ativa da União e R$ 1 trilhão são dívidas ativas dos estados e municípios.
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Além disso, temos mais R$ 1 trilhão de discussões em juízo que ainda não foram julgadas, R$ 587 bilhões os quais estão em debate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), R$ 400 bilhões, nos tribunais administrativos dos governos regionais e, cerca de R$ 190 bilhões, nas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ).
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“É preciso lembrar que, uma parte do contencioso, se trata de crédito podre. Em relação à dívida ativa da União, por exemplo, 80% dela não são recuperáveis, como os débitos da Varig”, ponderou Appy num evento em São Paulo, na última sexta-feira. “Mas, mesmo assim, tirando isso [crédito podre], temos ainda R$ 3 trilhões, o que dá um contencioso de 50% do PIB. Tudo isso leva a uma situação de absoluta insegurança jurídica”, acrescentou Appy, que também é diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCF).
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Por esses motivos, o economista defende não só uma reforma no sistema de tributação, como também uma reavaliação fiscal de todos os entes da federação para impedir a expansão do contencioso, que é danoso para a produtividade e ao crescimento do PIB.
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“Em vez de uma empresa gastar seu tempo para se tornar competitiva, ela está pensando em como pagar aquele tributo que ela está disputando com o fisco”, ressaltou.
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Ele exemplifica que questões tributárias entre e a Petrobrás e as secretarias de Fazenda do País alcançam 47% do patrimônio liquido da petroleira. “O nosso sistema tributário quebra as empresas”, diz.
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Além disso, Appy diz que a estrutura produtiva brasileira está desorganizada por conta de distorções na tributação.
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“A guerra fiscal faz com que eu tenha, em São Paulo, uma empresa que deveria estar no Rio Grande do Sul e com que eu tenha, no Rio Grande do Sul, uma empresa que deveria estar em São Paulo”, comenta.
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“Com isso, temos um monte de caminhão rodando o País à toa por causa de guerra fiscal. Isso é jogar a produtividade no lixo”, acrescenta ele.
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Appy diz que, além da reforma da previdência, é preciso começar a pensar nas despesas com a saúde as quais devem crescer nos próximos anos acompanhando o envelhecimento da população brasileira. “Os idosos são os que mais usam os serviços de saúde”, diz. Sobre o sistema de previdência, a projeção é que, em 2060, a relação entre contribuintes e aposentados seja de 1 para 6 pessoas, respectivamente. Ao passo que, hoje, essa proporção é 5 para 6.
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Desrespeito à LRF
Os estados e municípios também são uma fonte de preocupação na trajetória do crescimento das despesas. “A Lei de Responsabilidade Fiscal [LRF] não está funcionando mais. Tem estado que está gastando mais de 80% de sua receita com pessoal”, critica o especialista, comentando que os dados que os entes da federação vêm apresentando, publicamente, não estão em concordância com as despesas reais.
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O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, que foi ministro da Fazenda em 1987, também estava presente no evento e ressaltou que está pessimista em relação ao Brasil, e que espera mais redução de aportes públicos em um eventual governo de Michael Temer.
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Bresser-Pereira avaliou ainda que, nas propostas do PMDB, há uma tendência de fazer investimentos privados via poupança externa, o que, por sua vez, desestimula os empresários do País. “Ao aplicar uma política de crescimento com poupança externa, você decide crescer com déficit nas contas externas e com taxa de câmbio apreciada. Isso significa que você está desestimulando fortemente o investidor nacional”, disse. “Isso significa que você está desestimulando fortemente o investimento privado”, finalizou.
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Fonte: DCI