Querem criminalizar uma prática legal, dizem advogados – 22/07/2013

Empresas autuadas podem ir à falência caso tenham de pagar os R$ 50 bilhões cobrados pelo fisco, afirmam advogados que defendem as companhias no Carf, o tribunal de recursos da Receita. &quotEssas multas são impag&aacuteveis&quot, diz a advogada Mary Elbe Queiroz, especialista em direito tribut&aacuterio. &quotQuerem criminalizar uma pr&aacutetica que tem amparo legal.&quot A maioria das empresas autuadas passou por reestruturação interna para obter economia de custo, eficiência e retorno aos sócios. Segundo apurou a Folha, para a Vivo, por exemplo, era caro demais obter financiamentos operando com companhias separadas. Ao junt&aacute-las em uma só, em 2007, houve uma economia de R$ 1 bilhão em custos por ano e o juro cobrado ficou menor. Em 2004, a Gerdau fez uma reorganização operacional do grupo. Isso simplificou processos industriais e gerou economia de custos. Na reestruturação, usou ações de uma subsidi&aacuteria para investir em outra, obtendo ganhos fiscais. A empresa fez o investimento pelo valor de mercado das ações -devido às perspectivas de ganhos futuros. Como esse valor era maior que o valor patrimonial das ações, gerou-se um &aacutegio (diferença entre os dois valores). Na dácada de 1990, a legislação tribut&aacuteria passou a permitir que o &aacutegio fosse descontado da base de c&aacutelculo do Imposto de Renda. Em 2002, o governo deu novo incentivo: o imposto sobre operações que geram ganho de capital pôde ser parcelado. Antes, era pago à vista. Isso tornou mais atrativas as operações que geram &aacutegio, como em fusões e aquisições entre companhias do mesmo grupo, e centenas aproveitaram a oportunidade. O problema á que a Receita passou a não considerar a operação legítima. &quot&Eacute como uma pessoa que restitui mais Imposto de Renda inventando despesas mádicas&quot, diz I&aacutegaro Martins, coordenador da fiscalização da Receita. Para advogados, essa interpretação cria insegurança. &quotSe querem acabar com o &aacutegio interno, então, que regulamentem isso&quot, diz Mary Elbe Queiros. (JW, MC)
Fonte: Folha de S.Paulo