O jeito vai ser elevar impostos… – 19/05/2015

O governo planeja elevar impostos para empresas e consumidores e “tesourar” emendas parlamentares, de modo a garantir o esforço fiscal do setor público e, com isso, evitar que a equipe econômica precise anunciar um contingenciamento de despesas “brutal” como forma de alcançar a metade superávit primário de 2015. Paralelamente ao anúncio dos cortes, previsto para quinta-feira, o governo poderá anunciar aumentos tributos via decreto presidencial, conforme sinalizou ontem o próprio ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “Estamos examinando (aumentar impostos). A gente ainda não sabe qual será o resultado (das votações das medidas de ajuste fiscal) do Congresso. Então, estamos aguardado (e levantando) as diferentes opções que temos hoje”, frisou o ministro. O Brasil Econômico apurou que há quatro tributos que poderão ser elevados, sendo três ligados ao desempenho da atividade econômica (CSLL, PIS e Cofins) e um regulatório, o IOF, sobre operações financeiras. Por ora, há consenso apenas sobre a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que deve ser elevada apenas para os bancos,de15%para 17%, segundo uma fonte da equipe econômica. A ideia é que esse aumento de impostos gere cerca de R$ 10 bilhões aos cofres públicos.
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O restante do esforço fiscal virá do contingenciamento que o governo pretende anunciar até quinta-feira, mas que poderá sair só na sexta-feira, caso o Congresso demore a votar as medidas do ajuste fiscal. Até ontem, duas propostas estavam sob a mesa da presidenta Dilma Rousseff. A primeira, encampada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Alozio Mercadante, estabelecia como alvo um corte menor no Orçamento, de até R$ 60 bilhões. A segunda, defendida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, proponha um esforço bem mais intenso, superior a R$ 80 bilhões. Mas prevaleceu o meio termo. “A ideia é que o contingenciamento fique num patamar intermediário do que se esperava atingir, muito provavelmente acima de R$ 70 bilhões”, declarou outra fonte da equipe econômica. Ontem, ao comentar o assunto, Levy confirmou que “a ordem de grandeza” do contingenciamento ficará “na faixa” de R$ 70 a R$ 80 bilhões, e defendeu que o corte era “necessário para atingir a meta” de 2015. Quase um terço desse valor, por volta de R$ 23 bilhões, seria obtido por meio de cortes em emendas parlamentares, conforme adiantou um auxiliar da presidenta Dilma.
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O bloqueio desses recursos orçamentários seria uma retaliação do Palácio do Planalto aos parlamentares que votaram contra o ajuste fiscal ou que propuseram mudanças nas Medidas Provisórias que tramitam no Congresso, que tratam de direitos trabalhistas e de benefícios previdenciários. Já aprovadas na Câmara dos Deputados, as MPs 664 (de benefícios como abono salarial e pensões por morte) e 665 (que trata do seguro desemprego) começam a ser analisadas pelo Plenário do Senado ainda esta semana. Hoje, a previsão é que a Casa vote pelo menos o texto-base da MP 665. As alterações feitas no texto encaminhado pelo Executivo já reduzem o alcance das medidas em R$ 3bilhões, de acordo com estimativas oficiais. Assim, mesmo que não houvesse alteração no texto que deve ir à aprovação do Senado esta semana, o governo conseguira levantar apenas R$ 15 bilhões dos R$ 18 bilhões estimados inicialmente. A decisão de bloquear emendas parlamentares, por sua vez, exigirá da presidenta Dilma Rousseff capacidade de negociar como Congresso, já que o governo tem sido alvo de dissidentes da base aliada. Para evitar atritos com os principais partidos aliados, o PT e o PMDB, o governo poderá propor um corte horizontal, de modo que cada sigla seja afetada por igual. “Não há escolha”.
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Se parte da bancada não tivesse mexido tanto nessas medidas, não haveria necessidade de cortar nas emendas parlamentares. Agora, cabe à presidenta ‘tesourar’ as emendas, para que a Fazenda não tenha que apertar muito o ajuste fiscal na outra ponta”, disparou um assessor. O martelo teria sido batido por Dilma em reunião com os ministros da área econômica e da coordenação política, no domingo. A decisão foi comunicada pelo vice presidente, Michel Temer (PMDB), a líderes partidários ontem pela manhã. À tarde, o peemedebista se reuniu novamente, para negociar emendas que deverão se salvar dos cortes. Após ter registrado ano passado o pior desempenho fiscal desde 1997, o governo declarou que pretende levantar o equivalente a R$ 66,3 bilhões em receitas para abater parte da despesa com juros da dívida pública, o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em2015. Esse esforço será compartilhado com os governos estaduais e municipais, além de empresas estatais, exceto Petrobras e Eletrobrás. Mas, apesar da ajuda desses entes, os resultados têm sido decepcionantes. Até março, o superávit no ano era de R$ 19 bilhões— o pior resultado para um primeiro trimestre desde 2009, segundo o Banco Central.
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Fonte: Brasil Econômico
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