A inovação e o crédito utilizado de forma planejada podem ajudar as micro e pequenas indústrias a se manterem no mercado mesmo no momento de crise econômica pela qual atravessa o País. Quem tiver planejamento, boa gestão das finanças e da produção e ainda conseguir apresentar diferenciais em relação aos concorrentes, tem uma possibilidade maior de permanecer com as portas abertas. 
 
As opiniões são do gerente de fomento e desenvolvimento da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Marcelo Percicotti da Silva, e do gerente de ambiente de negócios do Sebrae-PR, César Rissete. Eles participaram do Encontro das Micro e Pequenas Indústrias, que terminou ontem em Curitiba, e discutiu como criar um ambiente para o fortalecimento da competitividade industrial. 
 
“As empresas precisam se diferenciar, aumentar a inovação, rever processos e aplicar novos modelos de gestão”, pontuou Silva. Segundo ele, é possível enxergar oportunidades nos momentos de crise. 
 
Rissete, por sua vez, avaliou que o primeiro passo para inovar é o empreendedor conhecer bem a sua empresa. Ambos disseram que inovação pode ser mudar o modelo de negócios, inovar em produto para o mesmo mercado que o empresário atua ou até colocar os mesmos produtos em mercados diferentes. “Muitas vezes, inovar não depende nem de comprar um equipamento ou maquinário novo”, afirmou Rissete. 
 
Silva explicou que, com a diminuição da oferta de crédito, que está mais restritivo, as instituições financeiras levam em conta as empresas que têm boa gestão financeira e informações contábeis em dia. De acordo com ele, fica mais fácil obter o crédito quando o empresário faz isso de forma planejada e não em situações emergenciais. “Na urgência, as linhas de crédito são mais caras e difíceis”, disse. 
 
Participaram do encontro cerca de 1.100 indústrias de todo o Paraná. Silva destacou que buscar a cooperação estratégica de outros empresários e mesmo o associativismo também pode trazer grandes benefícios. Segundo Rissete, através do associativismo, os empresários podem comprar insumos e exportar em consórcio, por exemplo. Ele disse que, com isso, é possível diminuir custos. Hoje, o Paraná tem 45 mil indústrias e 97% delas são micro e pequenas. E, do total de mais de 800 mil empregos, 45% são das micro e pequenas. São consideradas micro e pequenas as indústrias que têm faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. 
 
Sandro Cruppeizaki, que é proprietário da Mecânica Beto, de Curitiba, tinha uma oficina tradicional, mas começou a fazer adaptações em carros para pessoas com deficiência. “Meu irmão é cadeirante. Percebemos a demanda do mercado e desenvolvemos soluções”, contou. Hoje, 50% do faturamento da empresa vem da adaptação de veículos que atinge um total de 20 carros por mês. “Antes só instalávamos equipamentos. Agora estamos com dois projetos para desenvolver novas funções nos carros”, disse. 
 
O proprietário da Incorporato Tecnologia, Vilmar Duarte, tem uma empresa que produz software para balanças industriais e agora resolveu inovar com o investimento em um projeto de hardware e software para automação residencial que deve ser lançado em dezembro. A ideia é criar soluções de automação para iluminação, abertura de portão e home theater. Os dois empresários participaram do evento e conversaram sobre possibilidades de parcerias entre eles.
 
Fonte: Folha Economia