Empresários defendem investimentos e desburocratização – 22/11/2016

Esses foram os principais temas discutidos na reunião do Conselhão. O empresário Abílio Diniz (foto) defendeu a unificação de alíquotas do ICMS

O empresário Abilio Diniz afirmou durante a 45ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, que as previsões para o desempenho da economia brasileira são muito ruins e que não imagina que o país crescerá em 2017.

O Conselhão é um colegiado composto por 96 representantes da sociedade civil das mais diversas áreas de atuação, formado para discutir políticas públicas e medidas que estimulem o desenvolvimento do país, de forma a assessorar o presidente da República.

“A previsão é muito ruim. Não podemos imaginar que vamos chegar a 2017 com crescimento”, disse ele, um dos maiores acionistas do grupo BRF.

Diniz defendeu a realização de reformas estruturantes no país, citando em especial a necessidade de destravar investimentos em infraestrutura e de unificar as alíquotas do ICMS, com o fim da guerra fiscal entre os Estados.&#160

Segundo ele, não será possível mais “fazer crescimento” com base no consumo, pois Estado e famílias estão endividadas. “Não há investimento e Estado não tem condição de investir”, comentou.

Ele disse que os investidores estão sequiosos para investir no Brasil, mas é preciso aprovar essas reformas estruturantes.

A empresária Luiza Trajano, presidente do grupo Magazine Luiza, defendeu que uma das prioridades a serem discutidas pelo colegiado seja a simplificação de impostos.&#160

Segundo ela, se o país simplificasse impostos, as empresas poderiam ter uma redução de 3% a 10% nos custos.

“A gente teria um custo muito baixo, diminuiria muito o custo de nossas empresas. Não tem condições de a gente continuar a ter 50 advogados”, afirmou Luiza, uma das 96 integrantes do Conselhão.

Segundo ela, três coisas são importantes para o Brasil retomar o crescimento: emprego, renda e crédito. “O país tem um mercado maravilhoso”, disse.

Já Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), afirmou que sua expectativa é ver a real retomada econômica do país apenas no início do ano que vem.&#160

No entanto, Skaf ponderou que houve uma recuperação da confiança da sociedade no governo, “criando condições para retomar os investimentos e, consequentemente, o crescimento do Brasil”.

Ele disse que já observou, desde o início do governo Temer, “um maior interesse dos investidores”, tanto nacionais quanto estrangeiros.

Segundo o presidente da Fiesp, é preciso atrair ainda mais investimentos, o que terá reflexos positivos na economia, na geração de empregos e no poder de consumo do brasileiro.&#160

“E então entramos num círculo virtuoso”, resumiu. Para ele, o “problema número 1” do Brasil é o desemprego.

REFORMA TRABALHISTA
Para Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, o crescimento econômico brasileiro acima de 2% ao ano só será possível se três reformas forem realizadas: a trabalhista, a das regras de intermediação financeira e a política.

Setubal afirmou que a reforma trabalhista é essencial para que o país possa retomar sua capacidade de gerar empregos.&#160

Segundo ele, não existe hoje no Brasil uma empresa capaz de cumprir todos os detalhes formais e, se não há, é porque “há algo de errado”.&#160

Ele afirmou que o trabalhador hoje está acuado e o passivo trabalhista cresce a cada ano.

Dentro da reforma trabalhista, o presidente do Itaú Unibanco defendeu uma flexibilização da jornada de trabalho para diferentes categorias.&#160

“A jornada não pode ser rígida para todos os setores”, afirmou. Ele também defendeu a regra na qual o acordado entre trabalhadores e empregadores prevaleça sobre o legislado.&#160

“É essencial para melhorar o mercado”, disse. A segunda reforma que o banqueiro defendeu foi nas regras atuais de intermediação financeira.&#160

Setubal afirmou que é preciso tornar “mais flexível” o direcionamento de recursos captados hoje no Brasil. “Temos grande direcionamento de recursos para fins específicos”, afirmou o presidente do Itaú Unibanco. Para ele, isso reduz a eficiência da política monetária.

Setubal defendeu ainda uma reforma política para reduzir o número de partidos no país. “Isso daria mais capacidade de ação em ambiente de estabilidade política”, comentou o banqueiro.&#160

Para ele, essas reformas são necessárias, pois só a retomada do crescimento e do equilíbrio fiscal no Brasil não são suficientes para garantir um crescimento acima de 2% ao ano.

O presidente do Itaú Unibanco afirmou ainda que a crise pela qual o país passa é profunda e fruto de vários anos de políticas equivocadas.&#160

“A quantidade de problemas acumulados é muito grande”, disse. Para ele, a PEC do Teto e a reforma da previdência são “essenciais para retomada do crescimento”.

Fonte: Diário do Comércio