O período pascal é o momento pelo qual, os cristãos fundamentados na fé e na esperança, se preparam durante quarenta dias, para a sua ressurreição, para o encontro de uma nova vida. Durante os 40 dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa – período conhecido como Quaresma – os cristãos se dedicam à penitência para lembrar os 40 dias passados por Jesus no deserto, assim como todo o sofrimento que ele suportou na cruz. 
 
 
Justamente neste período, o Brasil, País fundamentalmente cristão, experimentou algo que se demonstra absolutamente contrário a qualquer preceito bíblico.
 
 
O Governo Federal, que tanto criticou e combateu a privatização das empresas estatais ocorrida em um passado não tão distante, sob o fundamento de proteção ao patrimônio público, agora dá exemplos cristalinos de que o seu descontentamento não se dava em relação ao aspecto simples de se privatizar, mas sim, nos beneficiários da privatização. Com os delitos flagrantes e incontestes praticados na direção da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco Popular, Furnas, Correios, Resseguros e, agora, com a Petrobrás, dentre tantos outros, o que se constata é que o interesse deste Governo é sim privatizar a máquina do Estado Brasileiro. Porém, diferente do que vimos anteriormente, a privatização agora se dá em nome e em uso particular de militantes, amigos e sócios de ocasião.
 
 
 O que se falar então desta bancarrota de escrúpulos ocorrida no Congresso Nacional. Como pensar em uma nova vida, quando a Casa de todos nós brasileiros, dá a absolvição para criminosos que a própria Comissão de Ética desta Casa já condenou e que agora, da mesma forma, é parte integrante de representação criminal da Procuradoria Geral da República. Casa essa em que os seus dois Presidentes, tanto da Câmara, como do Senado, também estão denunciados nesse grande esquema de corrupção que parece não ter fim.
 
 
Ainda me lembro de uma cena realizada na Câmara dos Deputados, praticada pela então Deputada, Sra. Ângela Guadagnin, a qual ficou conhecida por todos como o “rebolado da impunidade”. Poucos se lembram, mas foi justamente no mandato desta senhora, então Prefeita de São José dos Campos, que se teve notícia em uma das primeiras fraudes promovidas pela administração do PT, quando o então militante petista Paulo de Tarso Venceslau, denunciou a assinatura de contratos que favoreciam o empresário Roberto Teixeira, amigo e “compadre” do então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
 
Realmente, diante de tantos abusos, diante de tanta prevalência dos interesses particulares em relação ao coletivo, diante de tanto desrespeito no trato da coisa pública, nos parece, ilusoriamente, que a ineficiência de gestão toma menor importância.
A simulação é tamanha, que nos assusta. As demissões de cargos, por exemplo, ao contrário de significar a não admissão de determinadas condutas, agora são realizadas simplesmente porque a “operação” que lhes competia fazer na hierarquia desse crime “organizado” deu errado e, por essa razão, terão que ser substituídos.
 
 
Tristemente se visualiza que o texto expresso no art. 1° da Constituição da República, onde se proclama a criação de um Estado Democrático de Direito, na maioria das vezes, ou para a maioria dos nossos representantes políticos significa apenas e tão-somente a possibilidade de eleições livres, e por decorrência, de mandatos autoritários que se privilegie os anseios individuais.
 
 
Ora, Estado de Direito é Estado da Lei, onde se respeite a Constituição e principalmente os direitos cravados em seu indelével mármore, garantindo um mínimo de segurança jurídica aos governados. Estado de Direito, é Estado do Povo, onde os anseios individuais dão lugar aos interesses gerais e desta forma, a palavra cidadania não seja uma utopia na realidade de todos nós.
 
 
Assim, por todo o exposto, permeados sob o espírito Divino da Semana Santa, o que se deseja é que todos estes nefastos acontecimentos seja justamente sinal de preparação para uma nova vida, e que esta nova realidade, traga de volta a todos nós brasileiros, a chama viva da esperança, para que desta forma, unidos em um objetivo comum, possamos fazer deste País, a Nação que sempre sonhamos.
 
 
Feliz Páscoa e que, através dessa ressurreição, possamos renovar a nossa vida pautados sobre os três pilares da virtude Cristã: Fé, Esperança e Amor.
 
 
LUIZ PAULO JORGE GOMES, é Advogado, sócio da Jorge Gomes Advogados, Mestre em Direito Tributário pela PUC/SP.