Crise estimula surgimento de novos formatos de franquias – 17/06/2016

A mudança no perfil dos investidores, com a recessão, tem feito com que as redes invistam mais em lojas com um aporte inicial menor e custos operacionais também inferiores

São Paulo – Para atender a demanda crescente de brasileiros interessados em abrir uma franquia – mas com pouco capital para isso – inúmeras redes vêm investindo em novos modelos de lojas. Nesse cenário, o formato contêiner e food truck tem se destacado pelo investimento inicial menor, e pelo fato de os custos operacionais também serem inferiores.

Em linha com esse movimento, a rede de fast-food saudável DNA Natural, lançou na feira da Associação Brasileira de Franchising (ABF), mais três novos formatos de operação, todos com um aporte inicial consideravelmente menor, em comparação com os modelos anteriores. As lojas food truck, contêiner e delivery foram desenvolvidas pela rede para atender a um novo perfil de investidor, que surgiu com a recessão econômica no País.

“Dos candidatos que temos recebido – em média 150 por mês – quase 80% deles têm até R$ 100 mil para investir”, afirma a fundadora e diretora da empresa, Jeane Moura. Com isso em mente, o aporte inicial para esses três novos modelos ficou muito próximo desse valor. Para o contêiner e o food truck – já com a taxa de franquia – ele fica em torno de R$ 115 mil. No modelo delivery ele é ainda menor, de cerca de R$ 65 mil.

Para o diretor de expansão da Mundo Verde, rede de produtos naturais e orgânicos, Saddy Nardino, essa demanda crescente de pequenos investidores interessados em entrar no mercado de franquias foi impulsionada pelo aumento do desemprego. “Muitas pessoas que perdem o emprego, pegam a rescisão e querem investir em um negócio próprio, já que se recolocar no mercado é muito difícil”, diz o executivo.

A empresa também lançou na feira da ABF um formato de loja com tamanho reduzido, e, consequentemente, investimento inicial menor. Além disso, de acordo com Nardino, a Mundo Verde está desenvolvendo o formato contêiner e quiosque, que devem ser comercializados em breve. “Já estamos com um quiosque em operação, mas como teste. Dependendo do resultado, devemos começar a oferecer aos investidores”, diz.

Custos menores

Para o pequeno empreendedor outro aspecto fundamental são os custos operacionais menores dessas franquias. De acordo com o diretor da Dominos Brasil, rede de pizzarias que também adotou o modelo contêiner, Edwin Júnior, é justamente esse o grande atrativo. “O preço do aluguel chega a ser 50% mais barato, em comparação com uma loja de alvenaria”, disse ele ao DCI.

Segundo o executivo, isso se deve ao fato de – na loja contêiner – o aluguel ser cobrado apenas em cima do terreno ocupado, e não da área construída. Jeane, da DNA Natural, também ressaltou o gasto menor com o aluguel como uma das vantagens do modelo.

Com essa redução nos custos, a taxa de retorno do investimento também diminui, o que favorece o franqueado. “Na loja normal a taxa de retorno é de cerca de 36 meses. No contêiner ela caí para aproximadamente 24 meses”, diz o executivo, complementando que isso diminui o risco do investimento.

A companhia inaugurará sua quarta unidade nesse formato no mês que vem, na cidade de João Pessoa (PB), e a expectativa é que até o final deste ano mais três operações sejam lançadas nesses mesmos moldes.

Outra grande rede do setor de alimentação que anunciou na feira da ABF novos modelos de franquias foi o Habibs. O fast-food de comida árabe lançou no evento o Habibs e o Quiosque Habibs – dois formatos com um aporte inicial menor do que as franquias tradicionais. A primeira exige um investimento de R$ 800 mil, e busca reduzir os custos de implementação e simplificar a operação. O quiosque, por sua vez, demanda aproximadamente R$ 175 mil de aporte.

A NYS Collection, que vende óculos de sol, também lançou no evento uma microfranquia. O valor necessário para abrir esse novo modelo de loja é quase metade do montante que seria gasto para a abertura de uma unidade normal da rede.

Sem royalties

Também com intuito de atrair investidores com pouco capital para aplicar em um negócio, a rede de franquias de Drink Trucks, Santo Bier, decidiu abolir a taxa de franquia e os royalties mensais para os novos franqueados, sendo cobrado apenas pelo treinamento e produtos comercializados. “Estamos visando aquelas pessoas que, com a crise e desemprego, estão procurando investir em um negócio com baixo custo”, afirmou o fundador e diretor da empresa, Raphael Lanfredi.

Para abrir uma unidade do Drink Truck, que vende bebidas, o menor investimento é de R$ 15 mil, podendo chegar a R$ 50 mil, mais a compra do carro para a operação. De acordo com o empresário os dois valores podem ser parcelados em até 18 vezes no cartão de crédito.

Fonte: DCI

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