Cresce pressão para governo apoiar imposto sobre as grandes fortunas – 24/04/2015

Ao mesmo tempo que avança a tramitação de medidas provisórias do chamado ajuste fiscal do governo, cresce a pressão sobre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para apoiar projeto de regulamentação do imposto sobre grandes fortunas, previsto na Constituição.

A mais recente investida a favor da regulamentação da matéria partiu do deputado federal Glauber Braga (PSB-RJ). Na próxima semana, ele promete obstruir a votação da Medida Provisória 665, que restringe acesso a direitos previdenciários e trabalhistas.
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Na segunda-feira (16), o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, ingressou com Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal devido a omissão do Congresso na apreciação do tema.
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Por meio de uma liminar, Dino pede ao STF a fixação do prazo de 180 dias para o Congresso regulamentar o imposto. Caso contrário, a Corte se tornaria a responsável por apontar quais regras deveriam ser aplicadas a partir de 2016.
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Anteontem, Braga defendeu a obstrução do debate na comissão mista se o Ministério da Fazenda não regulamentar o imposto sobre grandes fortunas.
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Ao DCI, o parlamentar afirmou que é necessária uma sinalização concreta do ministro da Fazenda e do governo para estabelecer um cronograma de discussão da proposta com a definição de prazos para votação.
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Afirmou que há estudos feitos pela Câmara de que essa taxação renderia ao governo entre R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões por ano, na pior das hipóteses, e até R$ 100 bilhões, no melhor dos cenários.
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“Se não houver um indicativo nesse sentido, nós vamos continuar um processo de obstrução forte, como já se iniciou hoje, na próxima reunião da comissão”, afirmou.
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Segundo o parlamentar, nada justifica que o arrocho fiscal recai sobre as costas dos trabalhadores e do setor produtivos, alvos preferenciais das medidas provisórias e de um projeto de lei com urgência constitucional editados pela presidente Dilma. A disposição do deputado vai encontrar resistência na comissão mista, presidida pelo deputado Zé Geraldo (PT-PA) e pelo senador Paulo Rocha (PT-PA).
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Geraldo adiou para a próxima quarta-feira (29) a votação do relatório sobre a MP, que limita a requisição do seguro-desemprego pela primeira vez pelo trabalhador dispensado sem justa causa.
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Marcada para anteontem, a reunião da comissão mista que analisa o texto não ocorreu por falta de quórum.
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Conforme o relator, o adiamento ocorreu em razão de tramitarem, ao mesmo tempo, duas propostas envolvendo trabalhadores e centrais sindicais – a outra é o projeto de lei que regulamenta a terceirização (PL 4.330/2004), em análise no Plenário da Câmara.
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A assessoria do senador informou que ele não manifestou animado com a ideia de condicionar a votação da matéria à pressões contra o governo para regulamentar o imposto sobre grandes fortunas.
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Rocha contabiliza avanços na matéria, como a manutenção do atual regime para a obtenção do seguro-defeso pelos pescadores, cuja carência se mantida em um ano, como é atualmente, de acordo com o relatório do senador.
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Várias propostas
Em 1989, o então senador Fernando Henrique Cardoso (PSDB) propôs a regulamentação de um tributo federal previsto na Constituição. De lá para cá, mais de 26 anos depois, a mesma pauta foi apresentada no Congresso Nacional por pelo menos dez parlamentares, de diferentes partidos: PT, PSOL, PV, PCdoB, PPS, além do próprio PSDB. O imposto, no entanto, nunca chegou a ser votado. Surgiu boatos de que o governo federal cogita ressuscitar a proposta. O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), estava em reunião quando foi localizado e não pode comentar o assunto.
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“Eu pago para ver”, ironiza a ex-deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS). Luciana, candidata à Presidência em 2014, é autora, ao lado dos deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP), de um projeto de lei de 2008 que trata da taxação de patrimônios. “Acho realmente muito difícil que isso [aprovação do imposto] aconteça. Se acontecer, vou aplaudir, mas acho difícil que o governo tenha vontade política para levar isso adiante.”
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A falta de vontade política atribuída por Luciana ao governo é baseada na quantidade de vezes em que a gestão petista teve oportunidade de negociar a entrada da pauta em votação. Depois de quase ser colocado em votação em 2010, o projeto foi arquivado em 2011. No ano seguinte, acabou desarquivado mas não foi à votação.
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Fonte: DCI – SP

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