As empresas familiares querem manter o negócio dentro da família e pretendem se profissionalizar, mas sem abrir mão do poder de decisão. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pela KPMG e apresentada ontem no Encontro sobre Governança Corporativa em Empresas Familiares, no auditório da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil). O estudo ouviu 201 estabelecimentos em 16 estados. 
Entre as principais revelações do trabalho, está o fato de que 93% das empresas têm membros das família ocupando cargos 56% têm conselho de administração, sendo que 68% dos conselheiros são executivos e 22% deles acumulam cargo de CEO e Chairman. Chama atenção o fato de que somente 57% contam com familiares da próxima geração interessados em participar da gestão e apenas 21% pretendem contratar um executivo como diretor-presidente no futuro. 
E somente 20% das empresas familiares chegam à terceira geração. Para Sebastian Soares, líder nacional de mercado empreendedor da KPMG do Brasil, a “harmonia familiar” é o principal pilar do sucesso dessas empresas. “Nenhum negócio tem possibilidade de prosperar sem harmonia familiar. Pode ter a melhor governança, o melhor serviço, mas sem harmonia não prospera”, declara. 
Ele ressalta que o processo de sucessão costuma ser delicado e que as empresas precisam ter um acordo de sócios bem definido, com todos os critérios para um membro da família entrar na gestão ou no conselho. O fato de 56% das familiares terem conselho de administração, na opinião dele, é positivo. “Mas tem que aumentar esse número”, afirma. 
Entre os participantes do encontro, a jovem Patrícia Gardemann, diretora administrativa/financeira e vice-presidente da indústria de óleo Meridional TCS, confirma que o processo sucessório é um momento delicado. “Não foi muito tranquilo, houve alguma resistência inicial (por parte do fundador)”, conta. Os filhos assumiram a gestão e o pai se manteve na empresa dando suporte à direção. “Estamos em processo de implantar a governança. Ainda não temos conselho e nem acordo de acionista”, revela. 
Também para outra jovem que participou do encontro, a diretora da Vita Nativa, Pamela Manfrin, a sucessão é um processo difícil. “Existe um estigma de que, no momento em que você tira um acionista da presidência e coloca ele no conselho, é como se fosse uma aposentadoria. É um preconceito muito grande. Talvez seja esse o motivo de as empresas resistiram à governança. É preciso quebrar essa ideia”, ressalta. Pertencente ao grupo Apetit, a empresa está em processo de formação de holding e de implantação da governança. 
Mais experiente, o presidente do Instituto Sicoob, George Hiraiwa, ressalta o aspecto emocional do processo. “Essa questão de governança, principalmente no âmbito familiar, tem muito mais de emoção que técnica. É preciso o fundador entender que a blindagem da família acontece quando a empresa está bem gerida”, declara ele, que mantém negócios com os irmãos.
Fonte: Folha de Londrina