Abertura de vagas será menor no fim do ano – 22/11/2010

A geração líquida de emprego apresentará diminuição nos dois últimos meses do ano, com aumento do número de demissões em dezembro em decorrência do fim dos contratos temporários. A tendência é de um início de 2011 com menos dinamismo na oferta de vagas formais em comparação ao primeiro semestre de 2010, que apresentou recordes em cinco dos seis primeiros meses do ano.
Mesmo diante desse cenário, o Ministério do Trabalho projeta um novo ano de recordes, com a oferta líquida de 3 milhões de oportunidades com carteira assinada.
A acomodação no ritmo de contratações está visível nas estatísticas do ministério e reflete a desaceleração em alguns subsetores da indústria da transformação e na construção civil. Em outubro, o número de contratações líquidas atingiu 204,8 mil, representando o segundo mês consecutivo de recuo na comparação com o mês anterior. Em setembro, o número foi 247 mil, inferior às 299 mil vagas ofertadas em agosto.
No Ministério do Trabalho a avaliação é que essa diminuição nas contratações é consequência de sazonalidades concentradas na construção civil, no setor agrícola, em indústrias têxteis, em metalúrgicas e nas indústrias alimentícias, que sofrem o impacto da retração na produção sucroalcooleira.
Em novembro, a expectativa é de geração líquida de postos de trabalho em torno de 200 mil, inferior a outubro e menor que a de igual mês do ano passado. Para dezembro, a indicação é de demissões líquidas devido ao fim dos contratos temporários de trabalho em vários segmentos, entre os quais o comércio atacadista e varejista. A probabilidade, contudo, é de desligamentos em nível inferior às 415 mil demissões líquidas ocorridas em dezembro do ano passado, conforme cálculos do Ministério do Trabalho.
Para o próximo ano, o ministro Carlos Lupi faz uma estimativa otimista de mais um ano de recorde, com meta de 3 milhões de oferta líquida de vagas de trabalho. Nessa conta, ele considera que os investimentos em infraestrutura demandarão maior contingente de mão de obra, assim como as obras do programa Minha Casa, Minha Vida, da Copa e da Olimpíada, além dos efeitos da continuidade do crescimento econômico na indústria, agropecuária e serviços.
A dificuldade, ao fixar essa meta, será ultrapassar os bons resultados de 2010, concentrados, principalmente, no primeiro semestre. Dos seis primeiros meses do ano, apenas em junho a admissão líquida de trabalhadores não foi recorde.
De janeiro a outubro, o mercado de trabalho registrou a oferta líquida de 2,4 milhões de emprego, com alta de 7,2% em comparação a igual período do ano passado. Entre 25 subsetores, em 19 houve saldos recordes. Com esse resultado, a meta informal de 2,5 milhões de admissões para 2010 deverá ser cumprida sem maiores esforços..
Luciana Otoni | De Brasília
Fonte: Valor Econômico